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MAR DOS AÇORES

O Mar dos Açores contém alguns dos mais importantes ambientes insulares, de mar aberto e de mar profundo do Atlântico Norte. Apesar da sua relevância, este inestimável e insubstituível capital natural azul está ameaçado. Décadas de estudos e expedições científicas comprovam a riqueza e, simultaneamente, a fragilidade das espécies e ambientes marinhos da região, que precisam de proteção urgente.

A economia dos Açores, está profundamente ligada ao oceano, com destaque para a pesca e o turismo. Em 2017, o valor anual da pesca foi estimado em 31,7 milhões de euros, enquanto o turismo marítimo gerou entre 23,5 a 67 milhões de euros. Para além disso, um estudo mais recente, baseado num inquérito realizado na região, revelou que o ecoturismo marinho gerou 80 milhões de euros em 2014, correspondendo a 2,2% do PIB regional. 

Contudo, o potencial económico do mar açoriano é ainda mais vasto. As oportunidades emergentes no mercado de carbono azul e na biotecnologia marinha apresentam um futuro promissor, com um potencial global estimado de 200 mil milhões de euros até 2030 .

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UM PATRIMÓNIO NATURAL ÚNICO

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As ilhas oceânicas, como o arquipélago dos Açores, desempenham um papel crucial na preservação da biodiversidade marinha, sendo verdadeiros oásis para diversas espécies, incluindo as migratórias, como tartarugas, aves, peixes e mamíferos marinhos. Estas ilhas não só servem como áreas de descanso, reprodução e abrigo, mas também atuam como "pontes ecológicas", facilitando a dispersão de espécies para novos habitats.

Contudo, o isolamento geográfico das ilhas, alberga espécies endémicas que podem ser particularmente vulneráveis a pressões externas, como espécies invasoras e a destruição de habitats.
 

O Mar dos Açores, que representa cerca de 55% da Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa, é uma extensão de grande importância ecológica, contendo uma diversidade única de ecossistemas, como montes submarinos, campos hidrotermais e jardins de corais de água fria. Esta riqueza natural também está ameaçada por atividades humanas, como a pesca intensiva e a poluição. A investigação científica tem revelado a importância destes ecossistemas e as ameaças que enfrentam, destacando a necessidade urgente de proteger tanto o arquipélago como o seu mar, para garantir a continuidade da biodiversidade única e a preservação deste valioso capital natural.

"O Arquipélago dos Açores é um íman para a vida. É realmente um lugar mágico. (…) Identificar os Açores como Hope Spot é tão lógico – basta perguntar às baleias. Elas sabem o quão especial é este lugar. Antigamente, era um local onde as baleias eram caçadas e, agora, as pessoas vivem do respeito pelas baleias e de receber os visitantes que vêm para as conhecer como concidadãs do planeta."

 

Sylvia Earle 
Tradução livre para PT

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Em 2019, O arquipélago dos Açores foi identificado como Hope Spot de proteção do oceano pela Fundação Mission Blue “Sylvia Earle Alliance”, um reconhecimento que pretende fazer da conservação do Mar dos Açores uma prioridade em matéria de conservação.

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EM NÚMEROS

1M Km²

APROXIMADAMENTE 1 MILHÃO DE Km²

3 000 m

PROFUNDIDADE MÉDIA

> 5 

FONTES HIDROTERMAIS

28

ESPÉCIES DE MAMÍFEROS MARINHOS

6

ESPÉCIES DE TARTARUGAS MARINHAS

560

ESPÉCIES DE PEIXES

10

ESPÉCIES DE AVES MARINHAS NIDIFICANTES

>400

ESPÉCIES DE ALGAS

>1000

ESPÉCIES DE INVERTEBRADOS

ECOSSISTEMAS MARINHOS DOS AÇORES

ECOSSISTEMAS BENTÓNICOS DO MAR PROFUNDO 

Montes Submarinos
Os Açores contêm mais de 300 montes submarinos, que são áreas importantes para a biodiversidade marinha bentónica e pelágica. Estes montes, que se estendem desde águas pouco profundas até profundidades maiores, hospedam corais de água fria e esponjas de profundidade. Estes organismos desempenham um papel crucial como “engenheiros de ecossistema”, criando estruturas complexas que suportam uma ampla diversidade de vida marinha e de funções e serviços de ecossistema. No entanto, estes habitats formados por corais e esponjas são extremamente vulneráveis a impactos, como aqueles provocados pela pesca de fundo. As artes de pesca associadas a esta atividade têm como capturas acessórias estas comunidades, cuja recuperação pode levar desde centenas até milhares de anos. Proteger os montes submarinos é essencial para garantir a continuidade dos ecossistemas marinhos dos Açores e preservar o capital natural da Região para as gerações futuras. Por outro lado, proteger estes habitats e reconhecer o seu papel na dispersão de espécies marinhas é fundamental para manter a saúde dos ecossistemas oceânicos globais.

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Corais de Água Fria, Agregações de Esponjas e Outros Invertebrados

Os Açores são conhecidos pela sua notável diversidade de corais de água fria, com pelo menos 184 espécies catalogadas. De elevada importância ecológica, os corais e as esponjas formam habitats complexos servem como locais de desova, reprodução, alimentação e berçários para inúmeros peixes e invertebrados. Estes organismos também são fundamentais para a regulação do ciclo do carbono e prestam serviços de ecossistema importantes, como o armazenamento de carbono e a remineralização de nutrientes (a libertação para a água de nutrientes em formas biologicamente disponíveis). Estes processos são vitais para a saúde e equilíbrio do oceano.

Campos e Fontes Hidrotermais
O mar dos Açores alberga, pelo menos, cinco campos hidrotermais na Dorsal Médio-Atlântica, situados a diferentes profundidades:

 

  • Luso (570 m)

  • Menez-Gwen (850 m)

  • Lucky Strike (1700 m)

  • Menez Hom (1800 m)

  • Saldanha (2300 m)
     

Além destes, há uma fonte hidrotermal a 20 m de profundidade, a D. João de Castro, localizada num monte submarino com o mesmo nome e a única acessível para o mergulho recreativo. Também existe uma fonte hidrotermal na área proposta de plataforma continental estendida, a Rainbow (2400 m). A fonte hidrotermal D. João de Castro, por estar a uma profundidade menor, tem comunidades semelhantes às da fauna costeira e de outros montes submarinos próximos. 

Um dos principais destaques da expedição de 2018 foi a descoberta do campo hidrotermal Luso no monte submarino Gigante, a 570 m de profundidade.
 

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Ecossistemas Marinhos Vulneráveis 

As fontes hidrotermais, os recifes e jardins de corais de água fria e as agregações de esponjas são classificados como ecossistemas marinhos vulneráveis (EMV) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). São espécies, comunidades ou habitats especialmente vulneráveis à atividade da pesca. As espécies indicadoras de EMV são normalmente organismos com crescimento lento e baixa taxa de reprodução, o que torna a sua recuperação particularmente demorada a danos causados por atividades antrópicas. Devido a estas características, as comunidades de corais e esponjas são especialmente vulneráveis. Uma vez removidas ou danificadas, a sua recuperação pode demorar centenas a milhares de anos. A União Europeia reconhece a importância da proteção destes ecossistemas e implementa regulamentações específicas para minimizar os impactos adversos das práticas de pesca.

ECOSSISTEMAS PELÁGICOS

Nos grupos ocidental e central dos Açores, abundam pequenos peixes de cardume e tubarões, como o tubarão-azul. Durante a expedição de 2018, foram observados diversos peixes e tubarões até uma profundidade limite de 1480 m. As espécies mais frequentes incluíram os peixes boca-negra, moreão ou congrinho, peixe-rato e as enguias. Os peixes-lanterna e os sargos foram os mais abundantes. Os tubarões e as raias foram observados em 74% dos locais explorados, onde predominaram as espécies albafar e carocho e, em menor proporção, a Lixinha-da-fundura e as sapatas.

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Cetáceos

Os Açores foram recentemente reconhecidos como um "Whale Heritage Site" pela World Cetacean Alliance, tornando-se um dos seis locais no mundo (e o segundo na Europa) com esta designação. Esta distinção reflete a diversidade de espécies de cetáceos que habitam estas águas, bem como a forte ligação cultural da região com os cetáceos, desde o seu histórico de caça até às atuais atividades de observação e conservação.

A IUCN também reconheceu a maior parte do mar dos Açores como Área Importante para os Mamíferos Marinhos (IMMA). 

A distribuição e abundância de cetáceos no Atlântico Norte ainda carecem de uma maior cobertura de dados, que são principalmente obtidos por observações a bordo ou avistamentos em terra. O Programa de Observação para as Pescas dos Açores (POPA) tem sido fundamental na recolha de dados na região, tendo registado 28 espécies de cetáceos avistadas, incluindo baleias de barbas, baleias bicudas, golfinhos e cachalotes.

Aves marinhas

Os Açores são um hotspot global para aves marinhas,  abrigando dez espécies que nidificam na região, como o Cagarro, o Estapagado, o Frulho, o Paínho-da-Madeira, o Paínho-de-Monteiro, a Alma-negra, o Garajau-comum, o Garajau-rosado, a Gaivota e a Gaivina. Das 106 Áreas Importantes para Aves em Portugal, 42 estão no arquipélago, incluindo duas áreas na zona oceânica. As ilhas Corvo e Flores são cruciais para a alimentação, repouso e nidificação de algumas dessas aves.

Um estudo recente descobriu a importância da profundidade e da proximidade aos montes submarinos para a alimentação do Paínho-de-Monteiro, recomendando a expansão das áreas marinhas protegidas, em particular, na Dorsal Médio-Atlântica e em montes submarinos.

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GALERIA

SABER MAIS

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EXPEDIÇÕES CIENTÍFICAS

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ÁREAS MARINHAS PROTEGIDAS

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DOCUMENTOS

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